Chamas isto de amor. E eu acredito. Invento desculpas para ti. Pinto-te em cores e formas que não existem, não existiram nunca além da minha imaginação. Mas preciso de acreditar – que mais me resta?
Como pode isto estar a acontecer comigo? Logo a mim?!
A culpa só pode ser minha. Estou certa de que fiz alguma coisa errada, em algum momento falei com alguém com quem não querias que falasse, ou talvez não estivesse em casa quando tocaste à campaínha, ou então foi porque sorri quando aquele rapaz elogiou o meu novo corte de cabelo.
As regras que devo obedecer são muitas. Esqueço-me por vezes. Outras surgem de forma tão inesperada que não tenho como me antecipar. E depois há aquelas que simplesmente não consigo obedecer… apesar de conhecer as consequências da minha desobediência.
Ninguém me preparou para isto. Esqueceram-se de mencionar esta parte na escola. Mas se tu dizes que o amor é assim mesmo, então deve ser.
Eu é que tenho que aprender que quando me atiras aquelas palavras duras - cruéis mesmo – devo ficar agradecida por me amares. Idiotice a minha ainda não ter compreendido que quando deixas cair a mão pesada no meu corpo, não fazes mais do que me provar a sorte que tenho por fazeres parte da minha vida.
Coitado de ti…
Coitado de ti…
Podias ter-me danificado para sempre. Mas eras demasiado pequeno para isso. Eu simplesmente levei demasiado tempo a percebê-lo.
Um dia ainda to direi. Ou serás também demasiado pequeno para isso? Ainda não decidi.
Uma coisa é certa: sobrevivi-te. Sou mais forte depois de ti.