Quantas vezes nos apegamos a coisas que não nos servem mais, e até que
nos fazem mal? Também o fazemos com pessoas e com relações. E, neste caso, o
resultado é normalmente mais prejudicial...
O que leva uma mulher a ficar numa relação com um homem que ama
profundamente mas que sabe que nunca a escolherá? O que faz um homem manter-se
numa relação que sabe que acabou no momento em que ela deixou de gostar de
andar de mão dada com ele?
O que nos faz permanecer numa relação que destrói o melhor de nós?
Durante boa parte da minha vida até recentemente pensei que o amor era
tudo o que bastava para unir duas pessoas e, sendo verdadeiro, resistir a todas
as forças contrárias.
Não, o amor entre duas pessoas nem sempre é suficiente. Por mais forte
que seja. O que torna a perda mais difícil, e a possibilidade do desapego ainda
mais assustadora. A sensação de nos desapegarmos que um sentimento e de uma
pessoa que estão impregnados em cada poro do nosso corpo pode parecer insuportável...
O medo de nunca mais encontrar a mesma cumplicidade, de nunca mais olharmos
para alguém e termos a certeza de que encontrámos “a nossa pessoa”...
Mas resistir ao desapego é certamente pior.
Conheci uma senhora que após mais de 30 anos separada do marido que a
deixara por outro amor ainda não tinha superado aquela perda. A cada pessoa com
quem conversava mais do que alguns minutos logo contava a história sobre como o
ex-marido a havia trocado por outra mulher. Consumida por ressentimento. Sempre
desolada. Sempre vazia de outro sentimento. Como se aquela dor antiga fosse a
única coisa que ainda a mantinha de pé.
Por que tantas vezes nos apegamos a roupa que nunca mais nos vai
servir, a um emprego que nos suga a motivação, ou a sentimentos e a relações que
nos despem de esperança?