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sábado, 19 de junho de 2010

Quando é que percebemos que o amor não é um conto de fadas?
Como tantas outras crianças privilegiadas, eu cresci a ouvir histórias de encantar. E assim que comecei a ler por mim mesma, li essas mesmas histórias, ou outras semelhantes. O enredo pouco se altera: um amor proibido em que os amantes devem ultrapassar inimagináveis barreiras antes de viverem felizes para sempre; ou então era uma vez uma donzela em sofrimento que é salva pelo perfeito princípe – e vivem felizes para sempre.
Onde os dignos autores destas histórias da carochinha iam buscar inspiração, não sei. Pois eu ainda não conheci amor que tenha sido feliz para sempre.
Já acreditei piamente que um dia conheceria a minha famosa cara-metade. Um homem com quem soubesse, num único olhar, que iria ficar para o resto da minha vida.
Será que desaprendemos de amar?
As histórias que me rodeiam hoje em dia são histórias de separação, de engano e de mentira. Não vejo donzelas pagando com a vida em nome de um amor, e muito menos princípes renunciando ao trono em troca do amor de uma vida.
A relação monogâmica é uma piada. E quantos entram ainda numa relação a pensar que será para sempre?... Pelo menos não com uma única pessoa.
Ainda hoje ouvia alguém dizer: na casa criam-se as bases, lá fora vai-se “viver”.
Vivo numa sociedade igual à maioria delas por este mundo fora, onde as pessoas se casam porque é assim que deve ser, onde mentem aos parceiros ao lado de quem adormecem todos os dias porque a vida é mesmo assim.
Acredito que alguns não nascem mesmo para a monogamia. Quantas vezes a abraçamos como modelo de vida socialmente correcto, acabando por nos estrangularmos a nós mesmos num emaranhado de mentiras e de “faz de conta”... Em nome de uma boa imagem, da qual nos esquecemos assim que a perspectiva da impunidade e do segredo nos sorriem.
Não digo que a maioria das pessoas não queiram ser monogâmicas, pelo menos em determinados períodos. Especialmente, queremos que nos sejam fieis.

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